Os tumores do Sistema Nervoso Central (SNC) é o segundo tipo de câncer
mais freqüente na faixa etária pediátrica (0 a 18 anos incompletos),
superado somente pelas neoplasias hematológicas (alterações das células
do sangue). Se considerarmos apenas os tumores sólidos, os tumores de
SNC são os mais freqüentes nesta faixa etária. Eles correspondem a
aproximadamente 25% das neoplasias diagnosticadas em crianças abaixo de
15 anos, isto é, uma em cada 5 crianças com diagnóstico de câncer é
portadora de um tumor primário de SNC.
Na última década,
registrou-se um aumento na incidência dos tumores de sistema nervoso
central. Dados norte-americanos mostram que durante os anos de 1977 e
1981, a incidência desses tumores era de 2,7 casos a cada 100.000
crianças por ano e no período de 1990 a 1994, esses casos aumentaram de
2,7 para 3,3. O aumento está diretamente relacionado a um maior número
de diagnósticos que antes não eram realizados, pois entre esses
períodos, houve uma série de avanços nas técnicas de medicina
diagnóstica e nas técnicas cirúrgicas - principalmente com as
especializações das técnicas de biópsia (análise das células dos
materiais recolhidos).
Aproximadamente 80% dos tumores de SNC
ocorrem na primeira década de vida, o que corresponde ao primeiro pico
de incidência. De uma maneira geral, o risco diminui à medida que a
idade avança até um segundo pico de incidência no final da idade adulta,
entre sétima e oitava década de vida.
Quadro Clínico:
A
apresentação clínica dos tumores de SNC depende da localização do
tumor, de seu tipo histológico (tecido que originou tumor), da idade da
criança e de seu desenvolvimento neurológico. Não existem achados
clínicos que categorizem os sintomas específicos desta patologia.
Suas
manifestações clínicas podem ser decorrentes do crescimento tumoral com
infiltração e/ou compressão de estruturas SNC ou podem ser secundárias à
obstrução do fluxo de líquidos do cérebro e aumento da pressão
intracraniana (Hipertensão Intracraniana - HIC). A Hipertensão
Intracraniana pode ter instalação abrupta ou evolução insidiosa com
quadro dores de cabeça constantes que podem iniciar suas atividades até
4-6 meses antes do diagnóstico. Caracteriza-se pelos sintomas clássicos:
cefaléia, vômitos e alteração de comportamento (letargia). As dores de
cabeça ocorrem em 85% dos casos e os vômitos, em jato, estão presentes
em 70% casos de HIC.
Com relação à faixa etária as crianças em
idade escolar evoluem com mudanças de comportamento, queda no desempenho
escolar e fadiga. Já as crianças menores, nos primeiros anos de vida,
evoluem com irritabilidade, anorexia, atraso de desenvolvimento e/ou
perda de aquisições. Também se observa o aumento da circunferência
craniana (macrocefalia), decorrente do não-fechamento das suturas
cranianas nesta faixa etária. Crises de convulsão podem ocorrer em 20 a
30% das crianças com tumores hemisféricos.
Diagnóstico:
Inicialmente
uma minuciosa história clínica, exames físicos e neurológicos devem ser
realizados. O estudo deve ser construído de modo que seja possível
entender o início, o curso e a evolução da doença e, para facilitar, a
medida do perímetro da cabeça deve sempre ser realizada. Os achados do
exame neurológico devem ser comparados com os correspondentes ao
desenvolvimento por faixa etária, para determinar as manifestações
iniciais de parada, atraso ou involução do desenvolvimento neurológico.
Quanto menor a idade do paciente, mais importante torna-se o processo de
comparação por faixa etária.
A tomografia computadorizada e a
ressonância nuclear magnética são os exames de imagem realizados para o
diagnóstico dos tumores de sistema nervoso central.
Tratamento:
O
tratamento para esse grupo de neoplasia requer uma abordagem
multidisciplinar, baseada em cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
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